Moradores vetam entrada de agentes e dificultam trabalho contra a dengue



Segundo a Prefeitura, 80% dos recipientes com larvas do mosquito Aedes aegypti encontrados estão em casas com gente morando


Fonte:  / 
    Marcos Leandro/Tribuna Araraquara















Moradores que negam entrada dos agentes atrapalham trabalho da vigilância ambiental (Marcos Leandro/Tribuna Araraquara)



Quando alguém fecha as portas da sua casa e impede que os agentes da vigilância ambiental vistoriem o local em busca de possíveis criadouros de mosquistos, é uma porta aberta para o Aedes aegypti. Casos assim, além dos imóveis que estão fechados ou abandonados, são preocupantes no que diz respeito ao combate à dengue, zika e chikungunya.

Os agentes da vigilância ambiental fazem vistorias constantes em Araraquara e às vezes encontram moradores que impedem esse trabalho. “Quando acontece isso, o profissional chama o fiscal, que vai até o local e tenta conversar, explicar a situação e conscientizar a pessoa sobre a importância dessa vistoria. Nossa intenção é tornar claro que estamos ali para ajudar, não para punir ou julgar”, explica o gerente executivo da vigilância ambiental, Luís Eduardo Ursolino Tagliacozzo.

Quando a pessoa se nega a abrir sua casa para a vistoria, mesmo após a conversa com o fiscal, é aberto um ato de infração, já que o morador está obstruindo uma atividade de importância de saúde pública. “São os trâmites legais. A pessoa tem um prazo para se defender e será considerado tudo, inclusive se for um caso reincidente. De acordo com a situação, a punião pode variar de uma advertência até a multa”, diz Eduardo.

São poucos os casos que chegaram a esse nível, mas a situação é preocupante. “Às vezes, a pessoa acaba mudando de ideia quando conversa com o fiscal, ou quando damos início aos trâmites legais. É um trabalho de conscientização importante, nós só olhamos a casa e orientamos os moradores, damos dicas para evitar que a água parada se torne um criadouro”, afirma.
De olho no quintalDe todos os recipientes com larvas encontrados durante as vistorias em Araraquara, 80% estavam em casas com moradores, ou seja, somente 20% vieram de imóveis fechados, abandonados ou terrenos. “As pessoas acham que o problema é sempre do outro, que na casa dela não tem problema nenhum, mas todo mundo tem que ter esse compromisso e essa responsabilidade como cidadão de cuidar do seu quintal sempre”, avalia.

Segundo Eduardo, o Poder Público não consegue eliminar, sozinho, todos os criadouros do mosquisto Aedes aegypti em Araraquara. “Às vezes, a pessoa coloca a culpa no outro e deixa de fazer a sua parte. Fizemos um mutirão na Vila Xavier recentemente, que é um bairro com poucos terrenos vazios e casas fechadas, e retiramos dez toneladas de resíduos”, conta. O mutirão foi uma iniciativa da EPTV, com realização da Prefeitura e apoio da Unimed.

A quantidade de material retirada foi absurda, segundo Eduardo, levando em consideração que a Prefeitura realiza mutirões constantemente na cidade e naquela região. “É muito material acumulado. A gente passa sempre levando tudo embora, mas as pessoas continuam acumulando material sem uso em suas casas”, completa.
Casas abandonadas preocupam vizinhosQuando uma casa está fechada, os agentes procuraram localizar o proprietário para poder agendar uma vistoria. “Quando a casa está disponível para alugada, por exemplo, é muito mais fácil, pois só falamos com a imobiliária e conseguimos entrar até no mesmo dia”, explica Eduardo. Se o dono negar a entrada dos profisissionais, o procedimento é o mesmo: chamaro fiscal, conversar e, se for o caso, abrir um processo.

São casos isolados, mas que dão trabalho. “Na maioria das vezes, conseguimos ter acesso. Mas tem alguns casos em que a gente não consegue localizar o proprietário ou ele não mora na cidade. Isso complica um pouco”, diz. Para denunciar um imóvel abandonado, ligue na ouvidoria: 3301-1011.

No Parque Gramado, uma casa abandonada incomoda os vizinhos há mais de 10 anos. O espaço acumula mato, lixo e praticamente não recebe manutenção. “Isso me preocupa, os portões foram soldados e melhorou um pouco a questão de invasão de usuários de drogas, mas em relação à dengue continua na mesma, apesar das muitas reclamações que já fiz”, diz o vizinhos João Batista Beltrano, de 58 anos.

No fim da avenida 36, uma casa que esteve abandonada por muito tempo foi demolida, mas o espaço acumula lixo e mato alto, podendo ter criadouros do Aedes. Para quem tem casa com piscina fechada, a dica é colocar muito cloro, pois mesmo quando a larva nascer não consegue se desenvolver e morre.
Leia a reportagem completa na edição da Tribuna Araraquara desta quinta-feira (11)